segunda-feira, maio 21, 2007

Filosofias...

Um dia destes, comentava com a Pascoalita não ser grande adepta de filosofias por achar que, por vezes, esticam demasiado o raciocínio até ao limiar do absurdo. Prometi-lhe um exemplo, e aqui está ele :
Há uns tempos, resolvi ler (por sugestão) o livro ‘Portugal Hoje’ de José Gil, onde ele defendia que só vivemos realmente um facto depois de inscrito. Eu até pensava que estava a perceber a ‘história’ da inscricção mas, eis que o José Gil resolveu explicar ‘melhor’:

O que é uma inscrição? Como é que os acontecimentos de uma vida ganham o sentido de experiências decisivas, formadoras, quer dizer, como é que elas se inscrevem de maneira a construir uma vida?Quando é que um acto, uma palavra, um pensamento, um gesto não se inscrevem no outro, ou em qualquer plano de inscrição do campo social? Quando a violência ultrapassou um certo limite de intensidade (como em certos traumas), mas também, quando a força não chega a um limite inferior.Significa isto que não há manifestação possível do desejo. Quando o desejo se inscreve num outro desejo surge então o Acontecimento. A inscrição acontece quando o desejo se modificou sob pressão, a força, de um outro desejo, ou da violência de um outro acontecimento. O encontro com o desejo produz um novo Acontecimento, é ele que se inscreve.Inscrever-se significa, pois, produzir real. É no real que um acto se inscreve porque abre o real a outro real. Não há inscrição imaginária e a inscrição simbólica (apesar do que pretende a psicanálise) não faz mais do que continuar a realidade já construída. Quando o desejo não se transforma, o Acontecimento não nasce, e nada se inscreve.Assim, um amor inscreve-se porque aumenta o desejo.É um encontro de potências que amplifica a potência dos desejos. A transformação do desejo vai ao encontro do diagrama do desejo, do trajecto das suas potências virtuais em direcção à sua actualização presente. Por isso a inscrição faz o presente, um presente de sentido, não situado no tempo cronológico, que dá sentido à existência individual ou à vida colectiva de um povo….

É impressão minha ou ele não se releu mesmo?
Ficaria seriamente preocupada com as minhas capacidades interpretativas, não fosse a leitura da crítica do Eduardo Prado Coelho sossegar-me
Pensador difícil e denso, altamente criativo, capaz de inventar conceitos próprios…»_
Com um comentário destes, palpita-me que ele também não percebeu lá grande coisa ;)

22 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

21/5/07 3:00 da tarde  
Blogger Unknown disse...

O Eduardo Prado Coelho refugiou-se naquele corporativismo solidário muito presente nas elites, para se referir a J.G. como, _«Pensador difícil e denso, altamente criativo, capaz de inventar conceitos próprios…»_

José Gil é um alienado do conceito, e os seus conceitos só são considerados geniais porque alegadamente ele não os elabora sob o efeito de nenhuma droga pesada,...alegadamente

Como professor, imagina-se ele um ‘conceitoista’ a agarrar numa ideia antiga e com base na base da filosofia, de reflectir e formar ideias, trazer um conceitozinho destes para ser avaliado em sede de turma...

Pessoalmente, acho que J. G. escreve junto a uma parede, e regularmente vai dando vigorosas cabeçadas para manter esta convicção de o considerarem escritor de ideias e análises vanguardistas no campo da filosofia

E.P.C., por sua vez quis preservar a sua imaculada genialidade, de uma contra-ofensiva de J.G. em tons de ‘conceito próprio’, inventado para a ocasião

Eu como odeio filosofia pedagógica, e porque para mim só se vive um facto depois de o viver, e porque J.G. acha que é depois de o inscrever, e porque não se entende o que diabo quer ele dizer com o ‘inscrito’, e porque devido a esse facto ele é filósofo e professor universitário, e porque eu sou só um...’jotabê’, viro as minhas baterias para ti e pergunto-te:

Não tens nada mais interessante para ler e pôr aqui à consideração dos teus leitores fieis?...como eu!

Sai um gajo das obras para desanuviar um pouco e leva aqui com Jose Gil!!!!
Vão-me sair com certeza as esquadrias todas desquadrilhadas...


:(
:|
:)

beijocas

21/5/07 3:03 da tarde  
Blogger L.S. Alves disse...

Realmente li e não entendi P.N.
.
Acho meio babaca essas pessoas que escrevem pra não serem entendidas, como se assim fossem parecer mais inteligentes. Um conhecimento que não se consegue transmitir é um conhecimento morto.
.
Beijos pra você.

21/5/07 3:48 da tarde  
Blogger Ahlka disse...

Não me digam que não gostaram do meu miminho! :P

Jota, és pouco fontal és! ;)
Para não te queixares e saírem as esquadrias direitinhas, vou deixar-te um texto ‘filosófico’ da minha autoria:
Quando fui jovem e empreendedora, assim como tu ;), também fiz obras, uma delas foi aproveitar um desnível de terras para ficarem, escondidas pelo próprio jardim, algumas instalações de apoio a este. A parede do fundo era um muro de suporte de terras, logo muito irregular e desnivelado.
Contratei um ‘pedreiro’ para rebocar aquilo de forma a ficar um vão cúbico geometricamente pronto para avançar para a fase seguinte….Simpática, ia-lhe servindo umas bebidas, e encomendando cimento e mais cimento e mais cimento e mais e mais.... A parede estava ‘realmente muito torta, nunca mais ficava de nível’ dizia ele….Até que resolvi pegar no esquadro: Já tinha passado há muito o nível e já estava na fase inversa!
Acho que, se não tivesse eu feito a medição, acabava com um triângulo! : ))
Moral da história, não temas pelas tua esquadrias, o José Gil não tem o poder dum copito. Por outro lado, pondera sempre o poder dum copito antes de quereres ser simpático...

Alves, é verdade, um discurso demasiado complexo não passa do umbigo de quem o criou. Já gostei de ‘decifrar’ coisas entre linhas, mas hoje acho essa ‘genialidade’ um insulto ao leitor.
Para além disso, sei hoje que qualquer teoria é rebatível, logo acho pura perda de tempo analisá-las, discuti-las e chegar à conclusão que simplesmente não existem, porque nada existe realmente : ))

21/5/07 8:28 da tarde  
Blogger Unknown disse...

tambein só purque me fujiu a filusufia um bucadinho paró chinelo, nãum persisas de dexere paruma filusifia taum bázica

é só porque a dor dos calos das mãos desconcentram-me na análise, que se quer atenta e focada, para um espécime como J.G.

olhar erudito que seja...

:|

bj

21/5/07 11:11 da tarde  
Blogger L.S. Alves disse...

Ainda tenho que ir a essa terra pra bater um babo contigo. Isso com certeza vai valer a pena.
Beijos.

22/5/07 10:55 da manhã  
Blogger Carlos II disse...

Ahlka,
No fundo percebeste o conceito de inscrição. A explicação do J.Gil é que te deixou perplexa. É isso?

I.s. Alves,
Para entender o conceito da inscrição e de não-inscrição é necessário colocar o mesmo no contexto da obra.

Os portugueses perceberam perfeitamente o que lá está. Aliás, foi um êxito de vendas.

jotabê,
É certo que " só se vive um facto depois de o viver " só que...uma pessoa que não aprende com as suas experiências de vida, foi porque, essas vivências não foram interiorizadas,logo, houve uma não incrição.

22/5/07 3:56 da tarde  
Blogger Pascoalita disse...

eheheheheheheh
pelo menos já valeu a pena ler-te só peloas gargalhadas que me proporcionaram os comentários.

Imagina que já ia na 3ª leitura do texto de J.G. e continuava às escuras, sem perceber patavina, qdo reparei no teu "pós escrito" o que me deixou bem mais aliviada eheheheh
A seguir lembrei do que li há tempos ... "Mario Quintana afirmou: “o leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria”."

Mas esta "lenga-lenga" tem o poder de me neutralizar a capacidade interpretativa e até me atrofia a imaginação eheheh

Parece-me o tipo de livro ideal para aqueles ricaços que vão às livrarias e pedem:
- "Tenho uma estante estante com "x" metros de prateleiras; preciso de "x" metros de livros de escritores famosos"

22/5/07 5:54 da tarde  
Blogger Pascoalita disse...

numa última tentativa, tento perceber em que parte de mim (ou será do universo?) terei eu "inscrito" a experiência que vivi no passeio dos últimos 2 dias?
Depois de ler este texto, quase fico com dúvidas se terei ido a Galiza ou se não saí de casa eheheheh
Hummm passou-se algo mto interessante por lá, sabes? mas não sei bem se terá ficado "inscrito" ahahahah

22/5/07 5:59 da tarde  
Blogger Adrianna disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

22/5/07 6:16 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Carlos, tu fazes com que seja possível amordaçar aquele palavrão que habitualmente dizemos, quando estremunhados de manhã a caminho da casa-de-banho para a primeira mija, batemos com o dedo mindinho do pé na esquina da ombreira da porta.

É um regalo constatar, que ainda vão aparecendo pessoas, como tu, que vêem exclusivamente o lado simples e prático da vida, e exemplo disso é a brilhante, clara, precisa, directa, lúcida e sintética interpretação que fazes do excerto de J. Gil, com que a alkha nos brindou.

Eu, e agora em tom de confissão, fui de imediato reler o excerto, percorri-o fervorosamente em todas as direcções em busca de um sinal, mas de nada valeu, concluí que, a par da primeira vez, permaneci envolto neste manto de ignorância, concluí que estes caminhos eruditos de interpretação filosófica me estão vedados, concluí que só predestinados como tu, os talham com a sua sapiência sempre em riste.

Só tenho pena não ter sido teu colega de escola, melhor ainda, de carteira

22/5/07 6:18 da tarde  
Blogger Adrianna disse...

Minha nossa!
Bebeste, inalaste ou comeste algo estranho ou estragado. Não podias colocar aqui um texto dum tipo assim mais normal??? (bem, nem quero saber se o conceito de normalidade é algo que já foi "inscrito" eheheh)
Não admira que digam que os filósofos são gente louca. Graças a Deus que nunca tive aulas de filosofia! Já me custa a lidar com os "filósofos" que vou aturando no dia a dia
Tenho as minhas dúvidas se eles próprios entendem o que escrevem
:)

22/5/07 6:20 da tarde  
Blogger Pascoalita disse...

Voltei para te fazer rir também.

Estendi o tema ao meu hortelão que, como sabes, andou uns 3 anitos no seminário e em ar de brincadeira questionei-o com uma perguntinha do mais simples que pode haver:
- " O que é a filosofia?" Como não me respondeu, em vez disso saiu para o quintal, esqueci o assunto.

Instantes depois vejo-o entrar com um "calhamaço" debaixo do braço e logo deduzi que tinha ido ao anexo onde guarda as "velharias" eheheh Disse-me então:
- Aí tens! Não querias saber a definição de filosofia? eheheheh

Trata-se da 16ª edição do compêndio de filosofia, autores J. Bonifácio Ribeiro e José da Silva impresso em Junho de 1968!
Ora, na esperança de satisfazer a minha curiosidade, abri-o e logo na 1ª pág li o seguinte:

Que é filosofia?
" ... no que respeita à filosofia é tão dificil que Lachelier, na 1ª lição do Curso de Filosofia na universidade de Toulouse, ao formular a pergunta "que é a filosofia?" respondia, perante a admiração dos alunos: "não sei"

Li umas qtas linhas acerca de um ror de perguntas que todos nós fazemos a nós próprios e cujas respostas certamente ninguém conhece e um pouco mais adiante, leio
"o filósofo é um peregrino em busca da verdade" e pronto, fiquei esclarecida ... afinal eu sou FILÓSOFA!!! eheheheh

22/5/07 9:26 da tarde  
Blogger Carlos II disse...

Meu caro jotabê;
Não vale de nada, mesmo nada, tentar perceber aquilo que a Ahlka escreveu, ou decifrar o conceito da inscrição ou não inscrição, sem ler o livro.
Filosofias à parte, o tema do livro de J.Gil é de fácil compreensão. Pelo menos, para aqueles que cresceram com o "Estado Novo".
Repito:
Não é por acaso que o livro tem já várias edições.
De resto o problema, da compreensão ou não,até nem é do próprio J.Gil, nem meu, apesar de eu ser uma pessoa cheio de boa vontade, e que vê o lado simples e prático da vida como diz o caro amigo.

22/5/07 9:33 da tarde  
Blogger Carlos II disse...

Pascoalita;
Ora aí está "o filósofo é um peregrino em busca da verdade"
Claro que também somos filósofos. Não andamos todos em busca da verdade?

22/5/07 9:40 da tarde  
Blogger Ahlka disse...

Ó Whiskyzinho...puxo pelos neurónios para contar algo que lhe possa interessar e levo com um 'bázico'? Uma lição de vida tão importante e...BÁZICO??!!...Cá prá mim tinhas acabado de te aleijar na umbreira..:P

IS Alves, não sou de grandes discursos, o virtual engana :)

Carlos, é claro que ao ler o livro entendi onde queria chegar o J.Gil, mas não resisti a esta passagem, porque é simplesmente ininteligível. Como disse mais acima, quando se estica demasiado o raciocínio filosófico, chega-se ao contrasenso de por em causa a própria causa, deve-se ter o bom senso de saber parar a tempo para não cair no domínio do absurdo.

Menina Pascoalita, prácaso tá a insinuar que eu tinha um espaçozinho q tinha de preencher? :P
Fica sabendo que só terás ido à galiza quanto o assumires e o tiveres gravado a ferro e fogo na tua alma ;)

Adrianna, quem deve ter tomado algo foi o J.Gil quando escreveu esta passagem. Eu até tive de fazer exame a filosofia...Nota:5 na escala de 20! (deu-me cabo da média) Acho que diz tudo... :))

22/5/07 9:45 da tarde  
Blogger Ahlka disse...

Xiiii......fiquei tantao tempo com a página aberta (é no que a tagarelice) que quando colquei a minha resposta já estava desactualizada!
Mas agora, vou é curar a minha constipação para o 'ninho'.
Boas noites ;)

22/5/07 9:47 da tarde  
Blogger Unknown disse...

Sabes Carlos, acho engraçado as pessoas utilizarem o termo ‘conceito’, para, e neste caso concreto, associando a ideia ao conceito, e partindo do princípio que se entende o conceito, torna-se quase imperativo que se entende a ideia. Ora acontece que ‘um conceito’ é algo de abstracto, razão pela qual, quando me referi a J. Gil o ter definido com um adjectivo que nem sequer existe, ‘conceitoista’. Claro que poderia ter usado o adjectivo ‘abstracto’, mas a ‘felinosa’ estava tão empenhada em desmoralizar o filósofo que quis eu também por mim só ser um pouquinho abstracto.

Refiro-te ainda, e em relação à disciplina de filosofia, o entendimento que fazia de um qualquer conceito, era sempre considerado inaceitável pelo professor, o que me fez, para além de ter ganho, criado emantido um ‘ódio visceral’ pelo abstracto, pautei a minha filosofia de vida para tudo o que é de concreto, o que só por si é uma grande contradição...

_________________________


E a menina está constipadita, ohhhh!!!!
Talvez um cházinho de limão bem quente com mel e um cálice de WHISKYZINHO te faça bem...

Beijinho à virulenta e as melhoras

:)

22/5/07 10:41 da tarde  
Blogger Pascoalita disse...

Oh!!! tá constipadita? Sabes o que te fazia bem? Um pouquinho de "queimada" igual daquela que me deram a beber lá na Galiza eheheh
A mim fez-me um bem danado, afinou-me o paladar de tal forma que há muito os "figos" não me sabiam tão bem (e mais num digo eheheheh)

23/5/07 9:25 da manhã  
Blogger Laura disse...

Arre, filosofia é isso mesmo, o que a vida nos dá e nos tira, olhem pá pascoalita que diz que os figos nunca lhe souberam tão bem, depois de beber uns copitos de nem sei quê!
Convido todos a beber uma mistela dessas e quem sabe, entendem o que prá li vai de escrita, que eu pobrezinha como sou de intelectualidades, não entendi patavina e não estou para ir aos calhamaços lá abaixo à garagem, ver se o homem diz coisa com coisa. Ora tomem lá a prosa de uma cota que só tem a 4 classe antiga e nem ma deixaram acabar..ora aí está, isso é que seria uma boa filosofia e um bom tema de conversa..
Beijinhos a todos e falem falem e enterrem o homem lá no quintal que o jotinha tem ali cimento aos montes e quem sabe, enterrava-se tudo ali e nunca mais ouviriam falar desse arremedo de Shakespeare ou lá como se escreve ehhhhhhh

23/5/07 11:05 da manhã  
Blogger Adrianna disse...

menina,
Fez o tratamento? Tá melhorzita? veja lá se ficar boa ... vem aí o fds :)

24/5/07 9:07 da tarde  
Blogger Ahlka disse...

Olá Adrianna, estou no 'choco' sem saber muito bem como ultrapassar o dia de amanhã...Talvez não fosse má ideia seguir os conselhos das 'viborazinhas' de serviço, ou seja, Jotita e Pascoalita ...Nem sei se me vá a eles, se à garrafeira... ;)

24/5/07 9:36 da tarde  

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