Um dia destes e como é hábito diário, telefonou-me a filhota.
Estranhei a hora do telefonema e perguntei logo:
- Então não saíste ontem?
- Saí sim, fomos ao Bairro Alto mas sabes, devo ter esquecido a carteira no táxi…
- Ah, pois, está claro que esqueceste. Aliás é ÓBVIO que esqueceste…Blá, blá….
- Mãe, eu sei que ando sempre de mala aberta, mas trazia lá a écharpe, o casaco e a bolsa…Blá, blá...Era impossível descobrirem a carteira no meio daquilo tudo.
Depois de muito tempo, dinheiro e paciência perdidos a renovar documentos, cancelar outros etc… Cerca de 3 semanas depois, apareceu a carteira.
Foi levantá-la à esquadra numa 3ªFeira à tarde.
Na 4ª Feira, à hora de almoço, ‘perde’ novamente a carteira. Frustrada, telefona ao namoradito.
Nervosa anda de telmóvel no ouvido dum lado para o outro, desfaz-se em lágrimas, chora, chora..Com que cara vai contar em casa que já não tem outra vez carteira?…E aí surge um senhor simpático:
-A menina perdeu a carteira?...Será esta?
-AI ÉEEEE SIMMMMM !!! : )))
-Ela só lá traz uns troquitos….
-Eu sei…Eu sei…BRIGADAAAAAAAA
E com isto, ninguém me tira da cabeça que ela, quase abraçou o carteirista, que muito admirado com o chamfrim feito por vinte e tal cêntimos se deixou comover.
Para a minha filha ele foi um anjo, para mim foi um diabo disfarçado de anjo….Ou seja, podem se tirar duas ilações opostas:
- Nem todos os sorrisos são amigos ou
- Nem sempre os sorrisos são correctamente julgados.